O que pode ser feito para dar o suporte necessário à criança em sua transição da educação infantil para o ensino fundamental.
Qualquer tipo de mudança na rotina das crianças, mesmo que seja do seu interesse, costuma gerar um mix de emoções que pode flutuar entre alegria, ansiedade, negação e apreensão. Apesar de muito inteligentes, os pequeninos ainda não sabem como lidar com suas emoções e não têm a mesma facilidade de se adaptar que os adultos.
A transição da educação infantil para o ensino fundamental é um momento cheio de novidades e, por isso, pode ser desafiador para as crianças. São muitas as mudanças: novos amiguinhos, professores, ambientes e rotinas. Tudo isso se transforma num enorme processo de aprendizado e descobertas.
Este período de mudanças radicais merece toda atenção dos pais e de suporte por parte da escola ao entregar um ambiente acolhedor, afinal, é um divisor de águas para a criança, que pode se engajar nos estudos ou ver o período escolar como uma fase massacrante de sua vida e não se interessar pelo momento de aprendizagem.
Quando a transição da educação infantil para o ensino fundamental é saudável e harmoniosa, seguindo as orientações da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), proporciona acolhimento e serve como uma ponte segura entre uma fase escolar e outra, garantindo que a criança não se assuste e consiga se adaptar gradativamente com suas novas rotinas sem prejudicar seu aprendizado.
O que diz a BNCC sobre a transição escolar, a importância de reduzir os impactos nesta etapa da vida da criança, e algumas recomendações para ajudar seu/sua filho(a) neste período.
O que diz a BNCC sobre a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental?
Qual a importância de reduzir os impactos da transição?
Recomendações para você ajudar seu filho na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
Conversar com seu filho é essencial
O incentivo da família é essencial (principalmente nas tarefas de casa)
Ensino Fundamental 1 – do 1º ao 5º ano
O que diz a BNCC sobre a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental?
O desenvolvimento da BNCC foi elaborado levando em consideração a construção de um projeto pedagógico que servisse como referência para todas as instituições de ensino. Isso inclui a organização da transição entre as diferentes fases escolares a fim de garantir uma boa integração dos alunos, assim como a continuidade do processo de aprendizagem.
Dentro das diretrizes da BNCC está prevista a necessidade de acolhimento da criança em sua entrada no ensino fundamental, da promoção e manutenção de um ambiente receptivo, que seja agradável até que todas as novas abordagens de ensino sejam introduzidas com o passar dos anos letivos.
No cotidiano da criança na sala de aula, as mudanças devem ser gradativas, substituindo as brincadeiras e dinâmicas (aprendizado lúdico) por rotinas mais rigorosas, com diferentes matérias e avaliação do desenvolvimento (aprendizado conteudista).
Por isso, é importante que as escolas capacitem os professores para que estejam preparados na hora de apoiar os alunos em suas ansiedades, dificuldades e características únicas de cada indivíduo, respeitando o histórico e conhecimento de cada um.
Mas, não é somente as escolas e seus conjuntos de ações pedagógicas que são lembrados pela BNCC. O órgão também ressalta a importância do acompanhamento da família na transição da educação infantil para o ensino fundamental.
Para auxiliar os pais, a BNCC prevê a responsabilidade das escolas de apresentarem suas estratégias, sanar todas as dúvidas e manter uma comunicação frequente para que os responsáveis possam também servir como suporte e estejam integrados com as ações do colégio durante e após a transição.
Qual a importância de reduzir os impactos da transição?
É natural que, mesmo com todos os cuidados e ações adequadas na transição da educação infantil para o ensino fundamental, a criança sofra os impactos causados pela mudança brusca em sua rotina, afinal, tudo é novo. Ambientes diferentes, novas cobranças, horários e muitas obrigações que nunca existiram se tornam realidade.
Cada criança é única e tem suas próprias características, ou seja, algumas conseguem absorver a transição com facilidade e empolgação, já outras, podem se sentir acuadas, assustadas, desconfortáveis e com medo do “tudo novo”.
Por este motivo, é fundamental que, além das obrigações das escolas serem efetivadas, os pais também se preparem para construir e manter um posicionamento positivo durante a transição, que dê apoio e confiança para a criança na hora de lidar com a carga de estresse comum neste período de adaptação.
Caso a criança sofra de ansiedade ou medo, os prejuízos começam no desempenho escolar e evoluem para uma má alimentação, afetam o sono e degradam seu bem-estar de uma maneira geral, alterando o humor, reduzindo a disposição de ir para a escola e quaisquer outras atividades.
Como os pequeninos passam grande parte de seu tempo na escola, caso a integração no ensino fundamental não seja positiva, esse quadro pode se agravar cada vez mais com o passar do tempo, podendo prejudicar o aprendizado durante toda a vida escolar da criança.
Além disso, o suporte da família neste e em outros períodos de transição facilita a adaptação da criança nas próximas mudanças de sua vida até sua pós-maturidade, ou seja, é relevante para o desenvolvimento social e intelectual do indivíduo tanto em sua vida escolar, quanto na íntima e profissional.
Recomendações para você ajudar seu filho na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
Conversar com seu filho é essencial
As crianças com 6 e 7 anos de idade, apesar de já saberem dialogar perfeitamente, de conseguirem dizer o que estão sentindo e aprenderem com muita facilidade, ainda não sabem lidar muito bem com as emoções que sentem. Nem os adultos sabem exatamente como fazer isso, não é mesmo?
Durante a fase de transição da educação infantil para o ensino fundamental, é crucial que os pais descrevam bem quais serão as mudanças e como elas acontecerão ao longo do primeiro ano. Vá devagar, pois muita informação de uma única vez pode deixar os pequeninos ainda mais ansiosos.
É importante ressaltar que, assim como seu filho tem atenção e carinho dos professores atuais, também terá dos novos e, além disso, muita coisa pode ser interessante durante essa nova jornada.
Depois de ingressar no ensino fundamental, também é fundamental manter o diálogo aberto, perguntar como são as atividades, quais as dificuldades, como a criança se sente em relação à escola, novos professores e o novo ambiente.
Essas ações passam confiança aos pequeninos, que se sentem mais acolhidos e protegidos durante a transição, além de se adaptarem com mais facilidade.
O incentivo da família é essencial (principalmente nas tarefas de casa)
Como dito anteriormente, os pais têm um papel fundamental na transição da educação infantil para o ensino fundamental, pois são o principal centro de apoio e referência dos filhos.
Sendo assim, é crucial que os pais estejam presentes, entendam as angústias e incentivem seus filhos a superá-las, pois a recompensa do aprendizado é recebida durante toda a vida. Desta forma, as chances de impactos emocionais na criança durante a transição são muito menores.
Outro ponto que merece atenção são as atividades em sala de aula e as tarefas de casa. Na educação infantil, não é muito comum as crianças saírem da escola com obrigações que devem ser feitas em casa. No ensino fundamental a coisa muda, as cobranças são maiores e sentimentos nunca sentidos antes serão despertados por isso.
Diante disso, se torna indispensável que os pais ajudem no aprendizado, incentivando a sede de conhecimento e explicando o quanto é importante realizar as tarefas de casa para conseguir acompanhar melhor os conteúdos passados em sala, ter menos dificuldade no aprendizado e melhores notas nas provas.
Também é importante explicar que é natural ter dificuldades, pois faz parte da vida escolar. Isso é fundamental para que os pequeninos saibam lidar com seus erros e reconheçam que eles são inevitáveis.
Além das ações citadas é importante que os pais procurem formas para ajudar no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, perseverança, resiliência, cooperação e, principalmente, inteligência emocional, pois elas são indispensáveis para se adaptar a todas as mudanças comuns ao longo da vida.